segunda-feira, 5 de outubro de 2009

Como se 'Quantidade' fosse documento...

Depois de um dia ruim como havia sido aquele, não sei se era o céu que estava nublado ou o meu próprio olhar, a minha boca ficara fexada a maior parte do tempo e eu prefiria deixá-la assim porque sabe-se lá se aquelas palavras feias que estavam na mente iriam se atrever em sair ou ficariam quietinhas ali mesmo. Então axo que a única parte do meu corpo que deixei que continuasse a funcionar normalmente foram os ouvidos.

Áh...Que escutassem qualquer coisa mesmo! Afinal, os ouvidos têm duas funções, a de 'escutar' e a de 'ouvir' , e há uma grande diferença entre elas: Escutar qualquer um que não seja surdo é capaz, mas, ouvir que é o que entra nos seus ouvidos e faz realmente algum sentido pra você é o que eu estava fazendo, então poderiam ser ditas milhares de coisas ipócritas, eles saberiam selecionar o necessário e deixar com que o resto saia de um lado ao outro na mesma inutilidade em que estavam entrando.

Mas, tudo bem. Depois de um certo tempo, (que nunca havia demorado tanto para se passar) a conversa chegou ao fim, aquele local ficava cada vez mais distante de mim e o dia nublado também ia indo na medida em que minha cabeça colocava as ideias em seus devidos lugares.
-É, axo que estou bem agora...Nada fazia sentido mesmo! Assim como eu vim ao mundo sozinha, voltarei. As pessoas que vivem á nossa volta são complementos, para que não nos sintamos sós, são companhias pro nosso dia-a-dia pacato e essas companhias podem ser boas ou ruins, quando elas já não te fazem bem não tem motivo para preservá-las.

A solidão não existe praticamente, pois quando estou 'sozinha' meus pensamentos logo tratam de interagir comigo (muito tagarelas por sinal). Poisé, mais aí ignorei tudo, com aquela minha ideia de que ' vim ao mundo sozinha e assim vou embora dele'. Levantei a cabeça, caprichei no make up, pintei as unhas de rosa xoque e joguei minha franja. De repente me vejo atrás de uma mesa, com um lindo painel de estrelas acima da minha cabeça, que ainda tentava compreender o que foi dito naquele dia nublado, mais parecia ser uma missão impossível. Parei de conversar com os meus pensamentos por um momento. E ao meu lado surge uma voz.
Áh, ela sim fazia sentido, em seu tom grave, dizia coisas sábias que me faziam querer aproveitar cada letra. E ela me tranquilizou como tudo o que eu mais precisava no momento.

Buscando uma ajuda superior, perguntei se eu me enganava em querer fazer certo o que está ao meu alcance para que o meu modo de agir diferenciado dos demais fosse notado e talvez valorizado. 
E como se a minha sábia companhia acabasse de ouvir a pergunta mais idiota, gargalhou ironicamente e respondeu:
-O que é certo é certo, mesmo que ninguém o faça e o que é errado é errado mesmo que seja o mais comum.
Com um suspiro de alívio, percebi que o erro não estava comigo e sim com aquele que acreditava que o que se tem em grande quantidade é o que está correto.
by:Any'

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